As relações com a mídia estão entre as práticas de comunicação externa mais valorizadas nos escritórios de advocacia. Isso porque ela exige atenção especial para aproveitar oportunidades e mitigar riscos.
Por Willian Fernandes da LETS Marketing
Confira nove questões-chave para fomentar um relacionamento sustentável do seu escritório com jornalistas.
1) Entenda o que é notícia
Diversos critérios atribuem o nível de noticiabilidade de uma informação, como relevância (tamanho de um caso ou mudança legislativa, jurisprudencial ou regulatória, ou impacto desse caso ou dessa mudança para o leitor), atualidade (a notícia precisa respeitar o contexto atual, ter um gancho contemporâneo e chegar o quanto antes para o público), abrangência (a notícia precisa ser relevante para todos ou quase todos os leitores do veículo de comunicação referido).
Vale olhar para esses critérios antes de sugerir uma pauta para algum jornalista.
2) Win-win
A relação entre fonte e jornalista é um verdadeiro ‘ganha-ganha’. Ela só acontece de forma positiva e sustentável se a fonte e o jornalista enxergarem valor neste relacionamento.
Para isso, é fundamental sugerir pautas que possam interessar ao jornalista, utilizar o off-the-record, manter-se em contato e entender que nem sempre é interessante para o jornalista citar a fonte on-the-record.
3) Conte-me algo que não sei
Sabe aquele caso que está em evidência na mídia e que todo mundo está comentando? Pois é, talvez ele não interesse tanto à imprensa. O jornalista preferiria muito mais saber uma informação que ainda não é pública, mas que tem interesse ao leitor, do que replicar algo que já foi abordado.
Por isso, a palavra-chave no relacionamento com a imprensa é ‘exclusividade’. Quanto mais exclusiva é a informação ou o conteúdo, maior poder de negociação o interlocutor terá com o jornalista.
Isso vale para notas, dados, entrevistas, artigos e mais.
4) Entenda o que é ‘objetividade’ e diferencie-se
A objetividade é o contrário da subjetividade.
Uma disputa judicial ‘grande’ pode ser subjetiva, enquanto uma disputa judicial avaliada em R$ 300 milhões é objetiva.
O bom Jornalismo sempre fugirá da subjetividade.
Vale aplicar esse conceito não apenas nas relações com a mídia, mas também em demais comunicações.
Em currículos, por exemplo, ‘larga experiência’ pode ser um termo subjetivo, enquanto ’20 anos de experiência’ é uma expressão objetiva.
A credibilidade é produto da objetividade.
5) Seja propositivo
Não adianta ficar esperando o jornalista lhe procurar para uma entrevista, sem se mexer. É fundamental sugerir pautas proativamente, a fim de contribuir com o trabalho do jornalista.
Isso pode gerar oportunidades de imprensa, ou não. Em ambos os casos, a relacionamento com o jornalista será fomentado.
Como dica, só não vale insistir nas pautas já recusadas ou ‘cansar’ o jornalista com mensagens fora de horário devido ou com excesso de e-mail’s.
6) Saiba usar o off-the-record
O uso do off-the-record é fundamental para fomentar o relacionamento com o jornalista, seguindo a lógica de win-win.
Muitas vezes, o jornalista tem dúvidas técnicas na hora de escrever uma reportagem. Ou, então, ouve alguma informação sensível de outra fonte e precisa confirmar com mais fontes de mercado se essa apuração procede. O off-the-record pode ser usado em ambos os casos.
Só vale lembrar de algo muito importante: o off-the-record não protege a informação. Protege apenas a fonte.
Por isso, se for comentar um caso sob seu patrocínio, vale alinhar antes com o cliente e sua assessoria de imprensa.
Ou seja, não adianta contar algo para o jornalista e depois pedir para ele não publicar.
7) Concentre-se no contexto atual
Lembrando que a ‘atualidade’ é um dos pilares do conceito de notícia, insistir em sugestões de pauta fora do contexto social, econômico ou jurídico pode ser desgastante na relação com a imprensa.
Olhando para uma matriz SWOT, por exemplo, valeria sugerir pautas sobre pontos fortes do escritório, mas que façam sentido no ambiente externo ao escritório (oportunidades) no momento exato do contato com o jornalista.
8) Não bajule publicamente
O trabalho do repórter pode agradar ao leitor, mas também deve incomodar alguma parte.
Isso é Jornalismo.
Elogiar um jornalista publicamente ou agradecê-lo com veemência, como em um post no LinkedIN, pode sugerir para quem lê que esse jornalista tem alguma predileção por você ou pela organização que você representa.
Ao invés de publicar comentários como “leia a reportagem da competente jornalista fulana de tal”, vale dar o crédito sem o elogio, seguindo o conceito de objetividade no bullet 4.
Jornalista precisa e quer transmitir neutralidade para o leitor.
9) O mais importante: valorize a imprensa
Não replique reportagens, na íntegra, no site do seu escritório, nem publique recortes de jornal em alta resolução nas redes sociais. Isso prejudica os índices de leitura dos veículos de comunicação e, por consequência, não ajuda o trabalho do jornalista.
No lugar disso, fomente acessos às reportagens diretamente nos sites dos veículos de comunicação. Para o site do seu escritório, uma dica é publicar pequenos resumos das participações de seus advogados em publicações de imprensa. Mas não é legal copiar e colar conteúdo na íntegra.
Além disso, não caia na onda de criticar veículos de comunicação publicamente, como temos visto nos dias atuais.
Invista na assinatura de jornais e revistas no seu escritório. Valorize a imprensa e leia diariamente os veículos de comunicação que têm fit com seu escritório.
Antes de ser fonte, seja leitor.