Da expressão ao reconhecimento de mulheres no mercado jurídico
Por Alexandra Strick, Amanda Paccola, Isadora Camargo, Karina Ifanger e Thaís Rago
Todo dia 8 de março, o mundo homenageia as mulheres pelas lutas que resultaram nos avanços para a igualdade de gêneros e que são representadas, desde 1975, pelo Dia Internacional da Mulher.
No mercado de trabalho, apesar das conquistas, o caminho ainda é longo, principalmente em termos de equiparação salarial e da inserção de mulheres em cargos de liderança. Apesar de pesquisas diversas apontarem que um ambiente de trabalho mais igualitário favorece, inclusive, os resultados financeiros das instituições, dados de 2018 do Fórum Econômico Mundial apontam que ainda serão necessários mais de dois séculos para alcançar paridade no ambiente corporativo.
Na LETS Marketing, consultoria especializada em marketing jurídico, a representação feminina permeia áreas que vão da criação de conteúdo à inserção de clientes nos rankings jurídicos internacionais. E os desafios ainda são muitos! A fim de renuir algumas características e estratégias do marketing jurídico voltada às mulheres, este artigo assinado pelas consultoras da LETS, apresenta um mapeamento de avanços e direções da comunicação e dos reconhecimentos dedicados a ala feminina no setor jurídico.
Escritórios de advocacia precisam de mulheres na liderança
Na LETS Marketing, o contato com diferentes escritórios de advocacia é diário, e a necessidade de inclusão de mulheres em cargos de liderança é um tema amplamente discutido e que merece holofotes.
Existem, hoje, diretoras jurídicas que descartam determinados prestadores de serviços jurídicos, quando equipes à frente do caso não incluem ao menos uma advogada com senioridade. Cada vez mais elas querem ser atendidas por quem as conhece e as reconhece. Um escritório sem mulheres com voz protagonista pode sugerir um indício negativo para o mercado.
Por isso, é fundamental estruturar um plano de cultura corporativa, endomarketing e gestão de pessoas que permita o desenvolvimento da carreira e a ascensão das mulheres nos escritórios. Esse projeto pode iniciar com um diagnóstico feito a partir de uma pesquisa interna de clima, com os colaboradores, acerca do papel da mulher no escritório e com debates sobre os vieses inconscientes que podem atrapalhar as carreiras femininas. Outras etapas podem ser o mapeamento dos clientes, entendendo quais deles mais valorizam a presença de mulheres na liderança. Com o uso de ferramentas de comunicação, esse projeto pode ir muito mais longe.
Conteúdo e Design
Mulheres estão na pauta ou na ordem do dia. No entanto, muitas vezes, relacionadas a desigualdade de gênero, violência ou falta de equiparação salarial e condições de trabalho. Positivamente, o setor jurídico também vem demonstrando empatia e valorização dos perfis femininos como diferenciais em cargos executivos, por exemplo, além de investir na divulgação de conteúdos protagonizados por mulheres. Inclusão, diversidade e igualdade de gênero passam à frente de toda gestão comunicativa.
Mulheres, além de protagonistas, passam a assinar comunicações diversas, além de promover dinâmicas empresariais arrojadas e plurais. Nos espaços do direito, nota-se ainda uma presença feminina majoritária nos escritórios e firmas dedicadas às mulheres ou formadas só por lideranças femininas.
Uma preocupação atual da gestão informativa é promover conteúdos e comunicações dedicadas às mulheres. Nas Artes e no Design, por exemplo, representar a mulher também é um exercício de busca por liberdade de ser, escolher, opinar, vestir, pensar, errar e criar. É um flerte criativo que auxilia no rompimento do sexismo laboral ou mesmo da anulação que muitas mulheres sofrem em seus ambientes de trabalho, de estudo ou na própria casa.
Onde estavam as artistas, as escritoras nos tempos de renascença, por exemplo? Com o passar do tempo, algumas poucas geniais foram devidamente reconhecidas, mas a grande maioria não teve a menor chance de visibilidade. Pensando nisso é importante reconhecer os avanços e transformações sociais, ainda que convivamos em um abismo no que tange a igualdade dos sexos.
No entanto, sororidade tem sido um lema motivador e também caracterizador da exposição e expressão de mulheres mais unidas e livres, o que se reflete diretamente no trabalho da comunicação visual, onde ideias e representação feminina são melhor acolhidas e debatidas na atualidade.
Imprensa e a voz feminina
Dar voz às mulheres é mais uma forma de emponderá-las. É preciso representação! E nada melhor que vermos mulheres compartilhando visões, experiências e expertise em grandes meios de comunicação, para tratarmos o debate de forma abrangente e inclusiva.
Muito já avançamos, com mulheres em programas de esportes e de política, e inseridas em outros cenários antes prioritariamente masculinos. Mas o caminho é longo e pede a colaboração de cada um para que esse espaço seja cada vez mais inclusivo. Nos próprios escritórios de advocacia, em assessoria de imprensa, área que coordena as relações com a mídia, é necessário um olhar especial para o tema. A maioria das bancas ainda é dominada por sócios homens e é papel das áreas de comunicação incentivar que as mulheres se tornem porta-vozes desses escritórios e tenham, cada vez mais, lugar de fala. Tanto para comentar os avanços das ações internas – como a criação de grupos pró-diversidade – que podem servir de exemplo para outros escritórios, como para analisar temas relacionados às áreas do Direito em que as sócias e advogadas estejam inseridas.
Rankings jurídicos e as mulheres
O mundo dos rankings jurídicos é prioritariamente masculino. Embora tenhamos visto, nos últimos anos, lançamentos de pesquisas dedicadas exclusivamente a mulheres e preocupações dos diretórios com a diversidade, a presença feminina ainda é tímida. Nos países latino-americanos, a representação é ainda menor do que pensamos. Em uma apuração amostral é possível notar que menos de um terço dos reconhecimentos são dedicados às profissionais femininas.
Este cenário também se reflete na liderança das bancas brasileiras. Conforme dados do guia Brazil’s Best Counsel 2021, da publicação Leaders League Brasil, em média, as mulheres representam apenas 31% das sociedades¹. As especialidades do Direito com maior presença feminina são Media & Entertainment, com 61%, e Fashion Law, com 55%. Em contrapartida, há áreas compostas por menos de 20%, como Public Law, Mining, Debt e Equity Capital Markets.
Interessante destacar, ainda sobre o guia da Leaders League, a disparidade entre áreas mais tradicionais do Direito em comparação às mais atuais. É possível notar que a presença feminina é mais forte no setor de inovação.
Os índices nos revelam muito sobre a desigualdade de gênero que ainda perdura no mercado de trabalho, não apenas no meio jurídico.
Mesmo assim, existe otimismo com a preocupação genuína dos rankings nos últimos anos, incentivando escritórios a reportar suas iniciativas sobre diversidade e a informar a porcentagem de mulheres em suas sociedades. Animadas, também, com as campanhas de escritórios de advocacia e empresas em reconhecer o movimento feminista. No entanto, ainda há um longo caminho pela frente, repleto de esperança e determinação.
O compromisso, então, é revelar as vozes e a credibilidade feminina presentes nos escritórios de advocacia, garantindo à prática do marketing jurídico uma legítima expressão da pluralidade humana.
¹ levantamento de 45 áreas do Direito e de escritórios reconhecidos na pesquisa.
Crescimento profissional e a maternidade
Apesar dos passos significantes em direção à igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, a maternidade é (ainda) um empasse para a ascensão das mulheres também no ambiente jurídico. Nos Estados Unidos e no Brasil, o público feminino já é maioria nas universidades de Direito, o que não é realidade nos cargos mais seniores e nas sociedades dos escritórios de advocacia, nos dois países. E um dos maiores desafios para ascensão dessas mulheres é a maternidade.
Quando se aproximam da idade ou do período em que serão promovidas a sócias ou que pretendem se tornar mães, as mulheres, muitas vezes, sentem que devem escolher um caminho em vez do outro, o que está longe do ideal. No entanto, um dos movimentos mais importantes que ajudaram as mulheres a alcançar cargos de liderança em escritórios de advocacia e outras empresas foram as adaptações em relação à maternidade. Muitas empresas internacionais passaram a oferecer aos funcionários benefícios como licença-maternidade prolongada, creche no prédio de escritórios, congelamento de óvulos, entre outros.
Ao tratar a maternidade com empatia e ações concretas na sociedade corporativa, abrimos as portas para um grupo maior de candidatas brilhantes que alguns anos atrás não seriam capazes de se imaginar no topo da escada corporativa. Isso não quer dizer que todas as mulheres devam abraçar a maternidade, mas é vital que exista essa escolha.
Embora não haja uma única maneira de alcançar a igualdade, há uma série de ações tangíveis e acessíveis de promover as mulheres no local de trabalho. Melhores programas de mentoria, incentivo e apoio (incluindo financeiros) para busca de graus educacionais mais avançados, e oportunidades de trabalho em outros países, são formas de desenvolver a liderança feminina dentro das empresas e escritórios.
Os negócios globais são consideravelmente mais lucrativos e bem-sucedidos quando têm mulheres em cargos de liderança e, portanto, é imperativo que nós, como comunidade internacional, nos unamos para promover as mulheres em todos os setores. E todos esses avanços significam a força do que as mulheres podem alcançar quando lutam por um objetivo comum. Vamos juntas!
Sou a Marina Almeida, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.