Fakes News e produção de conteúdo
Por Isadora Camargo, da LETS Marketing
Com a instantaneidade das redes sociais digitais e a intensa oportunidade de compartilhamentos em diferentes plataformas (ao mesmo tempo), assiste-se nos últimos anos ao fenômeno da desinformação e das Fakes News.
Por vezes associada à temática política, a desinformação é um conceito que abrange qualquer assunto e que classifica toda informação errada ou descontextualizada que pode ocasionar ruídos e prejuízos ao interesse público.
Muitas empresas de tecnologia têm criado recursos para combater as notícias falsas e a desinformação em uma tentativa de estimular a governança digital e auditoria de todo o tipo de conteúdo gerado na rede. Um exemplo é o Twitter, que criou um rótulo automático para cada publicação feita por personalidades políticas dos Estados Unidos, em 2020. A big tech de Elon Musk repetiu a estratégia nas recentes eleições de 2022, no Brasil, aderindo ao Programa de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A mesma prática se deu nos picos da pandemia para fiscalizar inverdades sobre a Covid-19, praticando uma política de identificação, proteção e fiscalização de conteúdo.
Tais comportamentos são imprescindíveis no marketing, pois diferenciam perfis sociais de empresas, qualificam e fortalecem páginas identificadas pelo algoritmo como propagadoras de informação verídica de qualidade. Por isso, a responsabilidade do conteúdo atinge o mundo jurídico.
Uma das principais estratégias para escritórios de advocacia atuarem no combate à desinformação contempla a possibilidade de se colocar à disposição para o debate e para a checagem de fato. Escritórios, cada vez mais, exploram artigos completos e profundos sobre uma decisão importante ou sobre dúvidas que pessoas físicas e jurídicas possam ter a respeito de uma alteração legislativa, uma MP ou sobre uma atuação específica nas diversas áreas do Direito. O objetivo de uma produção de conteúdo factual e bem planejada, antes das divulgações, evita qualquer tipo de desentendimento que contribua com a desinformação.
Além disso, a utilização do banco de dados de cortes supremas e fontes oficiais respaldam a qualidade da informação a ser repassada. O Supremo Tribunal de Justiça, por exemplo, possui a Consulta Processual online, um ambiente de checagem de processos que pode ser consultado pelo cidadão comum, mas quando feito pelo advogado oferece mais detalhes do processo. Esta análise técnica ajudará na seleção do que é fato (verídico) e de impacto público.
Assim, a seleção, análise e construção de textos mais acessíveis por parte dos escritórios de advocacia colocam este mercado no hall de formadores técnicos de opinião, ajudando na construção de reputação e autoridade temática, além de contribuir para um ambiente digital com conteúdos de qualidade e que apresentem contextos, não importando se são negativos ou positivos, desde que sejam verificados.
O marketing de conteúdo, principalmente, é um forte aliado na construção de estratégias de produção, filtragem e checagem de pautas, enfoques e desdobramentos de uma tese a fim de facilitar o entendimento para uma maior parcela de usuários que estão, em rede, buscando informação. Escritórios, portanto, ao combater a desinformação criam um trabalho rotineiro de ‘tradução’ do que é ambíguo ou excessivamente técnico no ambiente jurídico, fazendo com que mais pessoas possam entrar em contato com argumentação qualificada e profunda.