Selos, prêmios e reconhecimentos
Atestar qualificações profissionais não é só uma premissa na hora de fazer marketing no mercado jurídico. É, também, uma forma de diferenciar-se da concorrência e transmitir valores associados à marca.
Por Catarine Ranéa e Rafael Gagliardi
A conquista de selos tem se tornado, cada vez mais, um impulsionador das sociedades, tendo em vista que os clientes dos escritórios de advocacia passam a reconhecer e a demandar, dentro de um processo de escolha do(a) advogado(a), algumas certificações.
Um exemplo claro dessa afirmação é a preocupação crescente do mercado com relação à sustentabilidade. Questões de cunho social, ambiental e de governança têm colocado pressão dos diversos setores econômicos e não deixa de fora o jurídico.
Advogados buscam compreender o que é ESG, sigla para environmental, social and corporate governance e as adaptações necessárias para estar em conformidade com as exigências, uma vez que seus clientes, principalmente grandes empresas com maior risco de estarem em desconformidade, passam a demandar atestados dessa natureza de seus fornecedores.
Nesse contexto, explicamos estratégias para associar a marca pessoal dos advogados e da sociedade de advogados com instituições e temas relevantes por meio de selos, além de debater os famosos rankings jurídicos e como eles podem fazer a diferença na escolha do seu serviço.
Selos para reconhecimento de atributos e valores
Adquirir selos relacionados às crenças e ao posicionamento do escritório se mostra como uma forma bastante eficiente de assegurar aos stakeholders de que há similaridade de pensamentos, além da comprovar eficiência e qualidade naquilo que está sendo oferecido ao mercado.
Como mencionado, há, também, uma busca ativa por contratados que assegurem contratantes e investidores de que adotam certos parâmetros para um processo de escolha, além da própria sociedade que está mais antenada com pautas e propósitos que se alinhem com seus valores pessoais. Uma prova disso são estudos como o ‘Global Marketing Trends 2022’, promovido pela consultoria Deloitte, que apontou que 76% dos consumidores brasileiros são leais a marcas que se comprometem a enfrentar desigualdades sociais.
Se posicionar de forma estratégica em relação às datas em que minorias são pautas é, sem dúvida, fundamental, mas é de suma importância assumir responsabilidades e promover ações e iniciativas internas que promovam impacto social no escritório e na sociedade no geral.
Há diversos selos nesse sentido, dentro dos mais variados temas, como o GPTW – Certificação da consultoria global Great Place to Work, que fortalece a marca empregadora avaliando a experiência de trabalho dos colaboradores; HeForShe – Um movimento promovido pela ONU Mulheres que foca no combate à desigualdade de gênero; e o ISO 2700 – Norma que é uma referência Internacional para a gestão da Segurança da informação, assim como a ISO 9001 é a referência Internacional para a certificação de gestão em Qualidade.
No Brasil, também há vários municípios e estados brasileiros que formaram comissões que concedem selos que reconhecem iniciativas inclusivas de várias frentes, como o município de São Paulo que oferece o Selo de Direitos Humanos e Diversidades com o objetivo de certificar as empresas com iniciativas que impactam positivamente a sociedade. Com eles, escritórios de advocacia ganham exposição e se diferenciam daqueles que não os possuem.
Filiações a instituições ou iniciativas
Outro diferencial competitivo para advogados pode ser obtido associando a sua marca a instituições como câmaras de comércio e associações de classe ou a iniciativas que vão ao encontro com seus propósitos.
No exemplo das câmaras de comércio, o escritório pode se filiar e ter acesso aos associados, aos canais de comunicação da instituição, aos eventos e assim por diante. E, além disso, talvez faça sentido para um advogado que, por exemplo, possua clientes alemães estar próximo da Câmara Brasil-Alemanha, que visa a atração de investimentos para o Brasil, na ampliação do comércio bilateral e na cooperação entre ambos os países, assim como a Amcham (centro privado das discussões comerciais entre Brasil e Estados Unidos), a Britcham (Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil), a Câmara Portuguesa, etc. Essas filiações representam, acima de tudo, um excelente potencial de networking e desenvolvimento de negócios.
Ainda nessa linha, no ano 2000, foi lançado pelo então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, o Pacto Global da ONU, que é, assim como é divulgado, “uma chamada para as empresas alinharem suas estratégias e operações a 10 princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção e desenvolverem ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade”. O pacto é, atualmente, a maior iniciativa se sustentabilidade corporativa do mundo e já conta com mais de 16 mil membros entre empresas e organizações.
Rankings Jurídicos
Os rankings jurídicos são, nada mais, do que pesquisas que ranqueiam e diferenciam advogados e escritórios de advocacia dentro e fora do Brasil. Hoje em dia, algumas empresas já adotam esses reconhecimentos como método de qualificação no momento da busca e da contratação de advogados.
Imagine que uma empresa ou pessoa física estão em busca de suporte na área trabalhista e estão em negociação com diversos escritórios ou advogados. Sem indicações, qual é a certeza de que aquele escritório vai atender de forma eficiente a demanda? Os Rankings jurídicos entram neste cenário, trazendo segurança e tornando mais provável que optem por nomes já reconhecidos ou que possuam a qualidade certificada.
Há diversas instituições de pesquisa que promovem esses estudos, geralmente internacionais, como Chambers and Partners, The Legal 500, Leaders League, Latin Lawyer, Latin Finance, Análise Advocacia (a nacional mais conhecida), e diversas outras que estão dentro e fora do radar dos escritórios, que atuam por meio de processos estruturados com etapas de pesquisas que, geralmente, envolvem a submissão de informações sobre experiências recentes e a confirmação destas informações com clientes e parceiros.
Estima-se que existam mais de 80 instituições especializadas no ranqueamento do setor jurídico e, aparentemente, surge uma nova a cada dia.
As instituições de pesquisa renomadas, possuem uma metodologia clara, séria e assertiva, garantindo o reconhecimento dos principais especialistas na prática jurídica, utilizando-se de critérios como complexidade dos casos jurídicos, inovação nos serviços prestados, proeminência de clientes atendidos e consistência do negócio de um ano para o outro. Algumas delas, ainda avaliam o desempenho dos escritórios por anos antes de ranqueá-los.
Os principais rankings produzem, anualmente, conteúdos relevantes e expõem alguns balanços gerais que espelham a realidade do mercado, como a inclusão de minorias dentro dos escritórios e, principalmente, como esse assunto é tratado pelas firmas.
Além dos estudos, há reconhecimentos exclusivos para iniciativas de diversidade ou trabalhos pro bono. Este ponto é, de alguma forma, a estrela dourada dos processos de pesquisas, pois podem contribuir com dados valiosos para a sociedade e qualificar, de forma mais sólida, os pilares da marca e o posicionamento dos escritórios.
Ganhar um selo de um ranking jurídico não é uma certeza de pedidos de propostas de serviço e de ampliação imediata da carteira de clientes. Entretanto, não estar listado em uma publicação renomada pode significar não ganhar uma concorrência.
Diretores Jurídicos e CEOs estão cada vez mais familiarizados com essas pesquisas e selos, adotando tais credenciais como critério de contratação ou exclusão de um escritório de advocacia.
Durante o processo de pesquisa, que, em certa etapa, consiste em entrar em contato com os clientes indicados pelos advogados, não é raro o pesquisador constatar que as empresas estão cada vez mais criteriosas em suas escolhas por parceiros jurídicos.
No Direito Empresarial, já há relatos de que o processo de contratação passou a ser conduzido pelo Setor de Compras – que tem em sua natureza cotar com diversos fornecedores. Por isso, estar listado nessas publicações é, sim, um diferencial competitivo.
Existem muitas discussões, principalmente entre os profissionais de marketing jurídico, sobre os benefícios para a marca e para o negócio ao ser listado em um ranking.
Especula-se que a exposição dos rankings jurídicos esteja restrita aos advogados, mas, com os diversos mecanismos de comunicação disponíveis (principalmente os digitais), já é possível divulgar uma credencial para os mais diversos públicos – o que pode ser uma importante ferramenta para a exposição do escritório, mesmo com pequenas restrições publicitárias impostas pelo Provimento 215/2021 do Código de Ética e Disciplina da OAB.
Postagens em redes sociais, envios de e-mail marketing, inclusão de selos ou certificados no site institucional do escritório, são apenas algumas das possibilidades de exposição que um reconhecimento pode gerar.
Estar listado em um ranking, além de ser um atestado de credibilidade, faz muito bem para a imagem externa e interna da sociedade, atraindo talentos, retendo clientes e conquistando novos.
Por mais que, ao falar sobre imagem, estejamos permeando questões subjetivas, estamos, também, tratando da percepção da marca, do significado que será atribuído ao nome do escritório e, o que pode até ser mais importante do que tudo isso, de qual escritório será contratado por um cliente durante um processo de concorrência: aquele que possui uma credencial ou aquele que não.